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Arquitetura Sustentável


Perdi a conta de quantos clientes chegaram ao meu escritório pedindo empolgados por projetos “sustentáveis”, com telhados verdes, sistemas de reuso de águas e geração de eletricidade por placas solares e que desanimaram das encomendas tão logo recebem os orçamentos desses "acessórios".

A questão é que ser sustentável não é consumir um check list de itens hi-tech oferecidos pela indústria. Eles são recursos possíveis, especialmente importantes em reformas de edifícios existentes, mas há muitos outros caminhos possíveis que não geram custo algum para a obra e que ainda reduzem seus custos.

Um projeto cuidadoso, que tire proveito das características técnicas dos materiais utilizados, do ambiente em que a construção estará inserida, facilitando o aquecimento passivo pelo sol, aberturas para ventilação, entrada de luz natural moderada para iluminação natural, já será em grande medida sustentável. É o que chamamos de Bio Arquitetura.

Veja que a justificativa para os primeiros edifícios envidraçados dos EUA e Europa era que, com a pouca luminosidade do céu e o frio rigoroso no inverno deles, mais vidro permitia a entrada de mais luz natural e calor (aquecimento passivo) em seus ambientes de trabalho. As fachadas de vidro surgem como solução de projeto para esses problemas, trazendo qualidade e economia tanto no aquecimento como na iluminação artificial. Fantástico.

Já no Brasil, a solução racional seria evitar o aquecimento pelo sol e controlar a luz que entra, para não criar ofuscamento com o excesso. No entanto, seguindo um "padrão internacional" de edifícios comerciais, o que mais vemos são edifícios com fachadas envidraçadas, que precisam receber películas refletoras para diminuir seu aquecimento, refletindo parte do calor produzido para a rua. A película diminui muito a quantidade de luz do ambiente, tornando esses edifícios dependentes de ar condicionado e iluminação artificial.

Conforme dados da Eletrobrás, 48% da energia elétrica do Brasil é consumida para resfriar (ar condicionado) e iluminar (artificialmente) edificações residenciais e comerciais. Nossos ambientes construídos tem um potencial enorme de redução de consumo de energia na etapa de projetos, com um melhor planejamento de aberturas, proteções, envidraçamentos, ventilações, muito antes de sequer entrar na discussão de "acessórios sustentáveis".

Cabe a cada um de nós, arquitetos, construtores e clientes, nos cobrar mutuamente por melhores soluções, disseminar bons exemplos contra desperdícios, investir em bons projetos, com menor impacto ambiental, valorizar e promover profissionais e empresas preocupadas com construir de forma responsável e sustentável. E as futuras gerações – nossos filhos! – nos agradecerão.

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